O Estado Mental Adequado ao Oferecerimento de uma Mandala

Nos ensinamentos do Kalachakra, existe uma descrição ligeiramente diferente do Monte Meru e dos quatro continentes. Nesse sistema, oferecemos a mandala de acordo com a descrição Kalachakra do universo. Por haver duas descrições do universo que oferecemos em uma mandala, Sua Santidade o Dalai Lama diz que podemos também visualizar o universo da forma que a ciência o descreve. Podemos também oferecer o planeta Terra, o sistema solar, a galáxia ou todo o universo. Ou seja, devemos oferecer o universo de uma forma que faça sentido para nós, de forma que a oferenda seja sincera. Se oferecermos um universo com o Monte Meru e os quatro continentes, pode parecer um jogo bobo, não haverá um sentimento envolvido, não haverá uma emoção, portanto não ajudará em nada. Sua Santidade disse: “Vai! Um sistema solar, planetas orbitando em volta, o que quiser oferecer”.

Esse oferecimento de uma mandala externa também é parte das práticas preliminares especiais, que fazemos para gerar uma enorme quantidade de força positiva e conseguirmos ter algum sucesso na prática do tantra. Nesse contexto, oferecemos a mandala cem mil vezes, no mínimo – e não apenas para “Klausur”, não apenas para termos sucesso no retiro – oferecemos para termos sucesso na prática do tantra em geral. Porém, quando entramos em um retiro de três anos, fazemos todas as preliminares novamente, mesmo se já as tivermos feito antes.  E geralmente oferecemos a mandala a uma assembleia visualizada de budas, bodhisattvas e mestres de linhagem.

É importante oferecer a mandala a alguém – novamente, não é só um jogo. O ponto é gerar, através dessa oferenda, uma enorme quantidade de força positiva, e isso depende muito do estado mental no qual fazemos a oferenda.  Os três elementos mais importante no nosso estado mental são a motivação adequada, um nível de concentração adequado e profundidade em nossa compreensão da vacuidade. No caso, a vacuidade de nós mesmos fazendo a oferenda, dos objetos que estamos oferecendo, da mandala que estamos oferecendo e da ação de fazer a oferenda.

Não devemos fazer do ato de oferecer algo muito especial, do tipo: “Oh, como sou maravilhoso por estar oferecendo isso” ou “Como você é maravilhoso, por isso estou lhe fazendo a oferenda” ou “Como essa mandala é linda!” Não devemos solidificar essas coisas. Obviamente, se oferecermos uma mandala cem mil vezes, mas como uma viagem do ego, só para aumentar nosso orgulho, não vai funcionar. Não vai gerar força positiva pura, não é mesmo?

Trechos livremente traduzidos e editados do original Mandalas: Their Meaning and Use

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